segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ulisses na Eólia





-Uff!-disse Ulisses.-Que cansado que estou, de tantas emoções! Vou dormir um pouco.
Quando acordou, uma ilha se desenhava no horizonte e resolveram ir até lá.
Ao chegarem a terra, desembarcaram. Era a Eólia, onde foram muito bem recebidos por Eolo, o rei dos ventos. Este rei quis ajudar Ulisses a encontar o caminho para ítaca, e tentou também afastar dele e dos seus marinheiros os naufrágios e as temperaturas que tão cruéis são sempre para a gente do mar.
Ofereceu-lhe então um saco, e disse:
-Olha, Ulisses, aqui dentro fechei todos os ventos violentos do mundo, para que não te fassam partidas e não te causem trabalhos e desventuras! Mas aviso-te: que ninguém saiba o que este saco contém, e que ninguém o abra, se não nem tu calculas o que poderá acontecer!!!
Ulisses agradeceu-lhe imenso, chamou logo os marinheiros para com maior cuidado transportarem o saco cheio de ventos para o navio.
Os marinheiros estranharam o peso levíssimo do saco e perguntaram a Ulisses:
-O que é que vai aqui dentro?
Ulisses respondeu:
-Não vos posso dizer o que é, mas peço-vos o maior cuidado com ele, se não uma grande desgraça vos acontecerá!
Prosseguiram viagem. Mas a verdade é que todos ardiam de curiosidade.
Ulisses dormia sempre junto do saco. De dia, nunca se afastava dele. Que mistério seria aquele?
Era esta a pergunta que os marinheiros traziam nos lábios e no pensamento a todo o momento.
A curiosidade rebentava.
Um dia Ulisses estando a dormir, deixou escorregar a cabeça para fora do saco! Os marinheiros olharam uns para os outros radiantes, e exclamaram baixinho:
-É agora! Vamos espreitar um bocadinho! Abrimos só uma nesga e depois tornamos logo a fechar!
Não resistiram mais e...os ventos violentos, furiosos de se verem tanto tempo aprisionados dentro daquele saco, saltaram de lá cheios de raiva e força, revolveram os mares, agitaram as nuvens, rebentaram em trovões, espalharam a chuva, acenderam a terrivel tempestade e Ulisses acordou no meio da maior confusão de que jamais ouve memória!
Viu o saco aberto e vazio, os marinheiros atirados borda fora, gritanto, uns já nadando no mar, outros sem saber onde se agarrar, e compreendeu tudo. Abraçou-se a uma enorme viga e tanto ele como alguns dos seus companheiros se viram lançados novamente a terra, e com surpresa sua, de novo à terra da Eólia.
O rei Eolo furioso com a desobediência deles, não os quis receber, nem sequer ver.
O navio, com grandes estragos, era também atirado para as praias da Eólia. Eles arranjaram melhor que poderam e quando o temporal amainou fizeram-se de novo ao mar.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ulisses e o Polifemo




Mas voltemos a Ulisses e aos seus companheiros.
Lá dentro da gruta combinaram que ao começar a cair a noite se escapariam em direcção ao navio e fugiriam dali a sete pés, porque afinal aquela ilha também era habitada, e por um CICLOPE enorme que era mais forte do que todos, mais cruel do que todos, mais bravo do que todos e que era o terror!!!
Chamava-se Polifemo, tinha um mau génio horrível e zangava-se por tudo e por nada.
Então os ciclopes tinham-se reunido e dito ao Polifemo:
-Olha, o melhor é tu viveres sozinho. Nós levamos-te o rebanho para aquela ilha deserta de além, e tu vives lá. Assim foi. Já não havia desordens nem desgraças.
E assim viviam já há uns tempo perfeitamente em paz de ciclopes.
Ora foi este Polifemo que os nossos amigos foram encontrar ali.
Já era quase noite, e Ulisses e os seus companheiros resolveram abandonar a gruta e correr até ao navio.
Precisamente no momento em que começavam a sair, eis que começaram a entrar as ovelhas, as cabras, os carmeiros...e o Polifemo. Só tiveram tempo para se esconder atrás deste ou daquele pedregulho, dos muitos que havia espalhados por ali.
Calculem onde eles tinham ido parar: à própia caverna onde morava o ciclope!
Quando o Polifemo entrou, trazia um veado morto às costas, que ele tinha apanhado para a sua ceia. Nem reparou nos homens. Foi ordenhar as ovelhas e as cabras, guardou o leite em grandes vasilhas, e depois foi acender uma fogueira no meio da gruta, e nela pôs o veado a assar. Depois, cansado sentou-se ali no chão.
De repente, o que viu ele? Sombras de homens dançando na parede mesmo na sua frente, sombras de homens que se escondiam entre a fogueira e a parede...
De um salto e começou a gritar:
-HOMENS...HOMENS...HOMENS...
Pegou num grande pedregulho e com ele tapou a entrada da gruta. Depois começou a agarrar um homem, outro homem, e a engoli-los inteiros!
Os marinheiros começaram a gritar apavorados, e a correr doidamente pela gruta em todas as direcções, e mais facilmente ele os ia apanhando.
Ulisses tremia de medo e encolhia-se no seu esconderijo. O pânico tomava conta dos marinheiros e parecia não haver salvação para nenhum. Já uns nove homens tinham desaparecido nas goelas do monstro e já este começava a não querer agarrá-los...
Agora já muito empaturrado, só queria era dormir.
Dirigiu-se pesadamente para um canto da caverna e ali se sentou.





Ulisses, quando o viu mais calmo, saiu do seu esconderijo para lhe falar.
Ulisses- Não me comas, eu quero falar contigo.
Polifemo- O que é que tu queres pigmeu?
Ulisses- Bem, tu já comeste tanta carne humana, deves sentir sede...
Polifemo- Sede?! Tenho sede... Mas se julgasque vou buscar água para vocês se escaparem daqui, estás muito enganado!
Ulisses- Não é nada disso. É que eu tenho um vinho muito bom para ti, mas só to dou a beber se me deres um favor...
Polifemo- Vinho?! Que é isso?
Ulisses- É uma bebida agradável. Queres experimentar?
Polifemo- Quero. E que favor é que tu me vais pedir?
Ulisses- Quero que nos deixes sair daqui vivos.
Polifemo- Esse favor não te fasso eu. Mas prometo fazer um favor, digo-te qual é depois de provar o vinho. Dá-me esse vinho!JÁ...
Ulisses mandou que trouxessem o barril de vinho e o estendessem ao Ciclope, que o pôs á boca e bebeu tudo até á última gota!
Polifemo- Isto é muito bom. Foste simpático para mim, vou fazer-te o favor que prometi. Sabes qual é? tu vais ser o último que vou comer!
Ulisses- Então tu tencionas comer-nos a todos?
Começaram a gritar, a chorar, a pedir socorro aos seus deuses.
Ulisses, resolveu ver se conseguia ainda alguma coisa do ciclope, e começou a conversar de novo com ele. Perguntou-lhe porque razão se encontrava ele ali sozinho naquela ilha, e como se chamava. O gigante contou-lhe tudo e disse que se chamava Polifemo. E depois foi a vez de ele perguntar a Ulisses como é que ele se chamava. Ulisses nunca dizia quem era, nunca gostava de dizer o seu nome, e principalmente numa ocasião daquelas, em que com toda a razão se via perdido desgraçadamente... Que ao menos nunca ninguém soubesse o fim que Ulisses, tinha tido!
Tentou lembar-se de um nome qualquer para enganar o ciclope, um nome qualquer, um nome qualquer- mas a aflição era tão grande que não se lembrava de nenhum!
Polifemo começava a ficar furioso:
- Então não sabes como te chamas? Como te chamas???
Ulisses, só lhe soube responder:
- Como me chamo? Sei lá. Olha, chamo-me...Ninguém...
Polifemo- Ninguém?! Que diabo de nome te deram. Olha que ideia, Ninguém...
Adormeceu profundamente.

Ulisses e os companheiros reuniram-se e combinaram o que fazer. o pedregulho que tapava a entrada era mito pesado e não conseguiam movê-lo. Se matassem o gigante, acabariam por ficar ali fechados para sempre. Mas se conseguissem que fosse o próprio gigante a tirar o pedragulho...E como?
Acabaram de açar o viado e comeram-no, beberam o leite das ovelhas e das cabras e descansaram um pouco. Depois pegaram num tronco de árvore fina que ali encontraram e afiaram-no muito bem na ponta. Nas cinzas da fogueira tornaram essa ponta incandescente. E então, apontando a ponta ardente na direção do unico olho do gigante adormecido, exclamaram UM...