segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Ulisses e a viagem para o inferno





Como tinha prometido a Circe, Ulisses começou por se dirigir à Ilha dos Infernos. Os marinheiros tremiam de medo. Ele pediu-lhes que desembarcassem ali e se afastassem. E quando quisesse de novo embarcar, lhes acenaria.
Assim desembarcou Ulisses naquela ilha.
Na sua frente vê a entrada de uma gruta. Olha o cão enorme de três cabeças que guarda a entrada dessa gruta, a entrada dos próprios Infernos. É Cérbero, o feroz. Ele conhece um segredo: «Se o cão estiver com os olhos abertos, podes entrar, porque está a dormir; mas se estiver com os olhos fechados, não entres, porque está acordado!»
Ele olha e repara que o cão tem os olhos fechados. Espera um bocado, e a pouco e pouco os olhos do cão abrem-se. Então Ulisses entra no reino dos Infernos. Ulisses entra pela gruta dentro e vê as sombras dos mortos. Ulisses sabe que só comunicará com aquelas com quem ele quiser comunicar, se lhes oferecer carne de uma ovelha negra que leva ali com ele. De repente vê a sombra da sua mãe, que ele imaginavam ainda viva.
- Minha mãe!
A sombra passou por entre ele sem o ver. Ulisses ofereceu-lhe a carne da ovelha negra e a mãe por uns momentos falou com ele:
- Filho, tu aqui neste lugar? Porque estás aqui? Também já morreste?
- Não ainda não morri, mas tu...
- Foram os desgostos, a tua ausência enorme. E o teu pai está muito mal. Se não estas morto, corre para a tua pátria, não demores mais! Graves coisas se estão passando por lá...
- O que é? Conta-me.
- Todos te julgam morto. Ora segundo a lei de Ítaca, como sabes, a tua mulher tem de procurar novo marido, tem de voltar a casar...
- Penélope, casar??!!- gritou Ulisses.
- Ela não quer. O teu filho Telémaco, que está um belo jovem, revolve os mares para ver se te encontra.
- Ela já escolheu algum?
- Ela não escolheu nenhum, pois tem sempre a esperança de tu um dia voltares. E ela lembrou-se de lhes dizer que escolheria um de entre eles quando acabasse de tecer uma teia que está fazendo para servir de mortalha ao teu pai quando ele morrer.
-Mas então deve estar quase a terminá-la...
-Sabes, Ulisses? Ela é muito esperta, de dia trabalha, mas de noite desmancha tudo o que fez...
-Oh, mas isto não se aguenta muito tempo! Adeus, minha mãe.
E Ulisses despediu-se da mãe e prosseguiu viagem no reino dos Infernos.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ulisses e a Circe




Ulisses agradeceu.
Avistou um magnífico palácio, estava Circe à porta, sorrindo. Quando o viu apaixonou-se por ele, mas como ele era um simples mortal, estava disposta a transformá-lo num animal.
Convidou-o para comer. Ela no fim da refeição foi buscar o licor e lho deu a beber, Ulisses bebeu--o de um só trago, e como graças à erva da vida não se esqueceu nem do própio nome, nem da sua família, quando Circe lhe tocou com a sua varinha ele não se transformou em animal nenhum!
Circe caiu de joelhos:
-Quem és tu, resistes aos meus feitiços? Deus? Homem? Deus não és, se és homem, só podes ser Ulisses...
-Sou mesmo Ulisses, quero os meus companheiros que transformaste em porcos!
-Em porcos?!!-mentiu Circe.-Anda e vê se então reconheces os teus companheiros.
Levou Ulisses pela mão às pocilgas. Ulisses olhou para os animais com raiva de não conseguir descobrir os seus amigos...
-Vês? Não são os teus companheiros! Porque não ficas aqui e casas comigo?-perguntou-lhe ela.
-Não quero ficar e não posso casar contigo pois tenho minha mulher Penélope, na Ítaca.
Circe não o deixou partir. Um dia disse-lhe:
-Vejo-te triste. Vou deixar-te partir. Vou restituir-te os teus marinheiros, que são realmente aqueles porcos que tu viste na minha pocilga, e ainda outros: todos os animais das minhas florestas, que são outros tantos marinheiros que encantei com o meu poder. Sou tua amiga e não posso continuar a ver a tua tristeza. Segue o teu caminho para Ítaca. Só te peço uma coisa: dirige-te primeiro à ilha dos Infernos, fala com o Profeta Tirésias. Ele sabe tudo o que se está a passar na tua terra, olha que graves coisas se estão passando lá. Prometes-me isto?
Ulisses prometeu. Os marinheiros voltaram à forma de homens.
Despediram-se de Circe e fizeram-se ao mar.
Circe ainda lhes deu outro conselho:quando chegassem ao mar das sereias, deviam parar de remar, e tapar bem os ouvidos com cera. E que não se esquecessem de o fazer.
Todos prometeram cumprir o que ela lhes recomendava.
Lá vão eles novamente entre onda e onda, entre azul e verde e de contente coração
Como tinha prometido a Circe, Ulisses começou por se dirigir à Ilha dos Infernos.